O maior rebanho bovino do mundo é brasileiro, com cerca de 200 milhões de cabeças. E, entre os destaques do setor agropecuário, está a bovinocultura leiteira. Para se destacar e conseguir produzir mais e melhor, existem alguns cuidados essenciais em relação ao manejo, que precisam ser considerados.
Abaixo, nós listamos os mais importantes, com várias dicas para melhorar os seus resultados. Confira!
1- Ordenha
A ordenha é uma das fases mais importantes dentro da bovinocultura de leite, por isso os conhecimentos sobre o comportamento das vacas leiteiras e das técnicas corretas para a realização da ordenha são fundamentais.
Para obter leite de boa qualidade, é indispensável que as vacas estejam saudáveis. Por isso, o ordenhador deve estar sempre atento aos sinais exibidos pelas vacas – que podem ser indicativos de problemas – como: pelos arrepiados e sem brilho, olhos fundos, diminuição da ingesta, diminuição na produção de leite, parada da ruminação e alterações nas fezes (muito seca, muito mole ou com sangue) e na urina.
Como as vacas leiteiras estabelecem rotinas, é importante que haja definição de horários específicos para alimentação e descanso – e também para a ordenha. As vacas devem ser conduzidas ao local da ordenha com zelo, sempre nos mesmos horários e pelas mesmas pessoas.
O local onde a ordenha é realizada deve ser projetado de forma que haja segurança tanto para o ordenhador como para os animais, deixando as vacas confortáveis. Também é essencial que o espaço seja bem ventilado, para evitar a proliferação de patógenos.
Outro ponto importante é em relação à linha de ordenha, ou seja, a ordem em que as vacas são ordenhadas. Ela geralmente é definida com base no diagnóstico de mastite, seguindo a ordem: vacas primíparas (de primeira linha), sem mastite, vacas pluríparas que nunca tiveram mastite, vacas que já tiveram mastite, mas que forma curadas, vacas com mastite subclínica e vacas com mastite clínica.
Esse esquema deve ser aplicado para se evitar a transmissão de mastite contagiosa no momento da ordenha. Ao fazer o esquema, não se esqueça de respeitar a individualidade das vacas, não misturando, na mesma linha, animais que não são companheiros.
As vacas recém-paridas devem receber atenção especial durante a ordenha, sendo especialmente importante em vacas de primeira cria, que ficam mais estressadas e reativas. A recomendação é condicioná-las com antecedência, conduzindo-as à sala de ordenha a partir de 30 dias antes do parto.
2- Vacinação
A vacinação é uma ação indispensável na criação animal, tanto pela obrigatoriedade das leis (que visam prevenir e erradicar doenças), como para assegurar a boa saúde dos animais, minimizando os riscos de doenças e de prejuízos econômicos.
Para que haja uma boa resposta do sistema de defesa, o animal deverá estar em perfeitas condições de saúde e nutrição. Mesmo assim, estima-se que cerca de 5% dos animais não ficarão protegidos.
As principais vacinas para bovinos são:
· Febre Aftosa: após 4 meses de idade, revacinação semestral;
· Brucelose: somente fêmeas entre 3 e 8 meses, sem revacinação;
· Raiva: após 3 ou 4 meses de idade, com reforço após 30 a 60 dias e com revacinação anual;
· Rinotraqueíte infecciosa bovina (IBR): 2 doses com intervalo de 2 a 4 semanas e revacinação anual;
· Diarreia viral bovina (BVD): 2 doses com intervalo de 2 a 4 semanas e revacinação anual;
· Parainfluenza: 2 doses com intervalo de 2 a 4 semanas e revacinação anual;
· Complexo respiratório bovino: 2 doses com intervalo de 2 a 4 semanas e revacinação anual;
· Quadros respiratórios: 2 doses com intervalo de 30 dias e revacinação anual;
· Salmonelose: 2 doses com intervalo de 30 dias e revacinação anual;
· Leptospirose: após o desmame, reforço após 4 a 6 semanas e revacinação anual;
· Aborto: 2 doses com intervalo de 30 dias e revacinação antes da estação de monta;
· Clostridioses: 2 doses com intervalo de 4 a 6 semanas e revacinação anual (fêmeas gestantes podem ser revacinadas de 3 a 6 semanas antes do parto);
· Tétano: 2 doses com 1 mês de intervalo, antes de cirurgias e em casos de feridas profundas;
· Botulismo: 2 doses com intervalo de 4 a 7 semanas e revacinação anual;
· Diarreia Neonatal dos bezerros: somente em vacas e novilhas prenhes;
· Mastite: 2 doses com intervalo de 30 dias, revacinação a cada gestação ou lactação;
· Linfadenite caseosa: a partir dos 3 meses com revacinação anual;
· Tristeza parasitária bovina: animais entre 30 dias e 10 meses.
3- Transporte de bovinos
O planejamento e a organização do transporte é de responsabilidade de todos, devendo-se definir previamente quais animais serão transportados, o tipo de veículo a ser utilizado, o número de veículos necessários, as rotas a serem utilizadas, as datas e os horários previstos para o embarque e desembarque e os motoristas responsáveis.
A documentação também é crucial, e muitos documentos devem ser providenciados pela fazenda e precisam ser conferidos na hora do embarque. Além dos documentos básicos, do motorista e do veículo, será preciso apresentar os documentos dos animais, como GTA (Guia de Trânsito de Animal), notas fiscais do produtor (informações sobre a origem e o destino dos animais) e documentos de identificação do animal.
Em algumas situações específicas, poderão ser solicitados outros documentos como atestados de sanidade. Fique atento às particularidades de cada região e do destino final dos animais, pois podem ser exigidos documentos específicos.
4- Bezerros
Logo após o nascimento, o ideal é que o bezerro mame o colostro pela primeira vez em até 3 horas. Esse tempo é geralmente maior em caso de novilhas, que são mais sensíveis ao estresse do parto e inexperientes nos cuidados com os filhotes.
Outra dica é, logo depois do parto, deixar o bezerro e a mãe sozinhos, mas fique por perto para observar se a vaca consegue se levantar e se o bezerro conseguirá mamar. Não deixe outros animais por perto, como cães e galinhas, pois eles podem estressar a vaca e fazer com que ela tenha movimentos bruscos, causando acidentes com os bezerros.
Nos dias frios, no caso de partos que aconteceram no início da manhã, os bezerros tendem a ficar mais lentos e sujeitos a atrasos ou falhas na primeira mamada. Dê atenção especial aos bezerros que nasceram sob essas condições, principalmente nos dias de chuva. Faça a contenção do bezerro de forma calma e gentil.
Se notar que o bezerro não mamou, conduza a vaca ao curral e proceda com a apartação e contenção da vaca para, em seguida, amarrar suas partes de trás. Quando ela estiver bem contida, massageie de leve o úbere, tirando 2 a 3 jatos de leite de cada teto. Em seguida, posicione o bezerro próximo ao úbere e com dois dedos alise o céu da boca até que ele comece a chupá-los. Então, espirre leite com a outra mão em sua boca, até que ele consiga mamar.
Outros cuidados importantes são: fazer a cura do umbigo, analisar o animal para saber se há alguma anormalidade, fornecer ração para estimular o desenvolvimento do rúmen e acompanhar o ganho de peso.
5- Identificação
A identificação é uma boa prática de manejo na bovinocultura leiteira. Afinal, é mais fácil monitorar informações sobre ganho de peso, reprodução e mortalidade, bem como sobre o uso de produtos, condições das instalações e dos equipamentos.
O ideal é realizar a identificação individual dos bovinos o quanto antes, preferencialmente nos primeiros dias de vida do bezerro ou logo após a chegada do animal a propriedade.
Essa identificação, normalmente, é feita por meio de um código (uma combinação de letras e números) que é dado a determinado animal. O código deve garantir uma identificação única e positiva para cada indivíduo, ajudando-o a diferenciar do restante do rebanho. Assim, não podem existir códigos repetidos.
Os métodos de identificação mais comuns são: tatuagem, brinco (visual ou eletrônico) e marcação a fogo. A tatuagem é um método permanente e de fácil realização, porém é mais difícil visualizar o código, sendo necessário conter o animal. Normalmente, é mais usada nos primeiros dias de vida do bezerro, combinando-a posteriormente com outros métodos.
Os brincos são muito comuns, são fáceis de aplicar e oferecem boa visualização. O principal problema ocorre na retenção, com falhas que resultam na perda da identificação dos animais. Quando são usados brincos de boa qualidade e se adota procedimentos corretos, há menos riscos de isso ocorrer.
A marcação a fogo é o método mais usado para identificar a raça, o proprietário do animal, o indivíduo e também a realização de certas práticas de manejo (como a vacinação de brucelose).
Do ponto de vista do bem-estar animal, contudo, essa prática é desaconselhada, principalmente quando realizada em partes mais sensíveis dos animais.
6- Controle estratégico de parasitos
Para o controle preventivo das parasitoses, a higiene dos currais, das instalações para bezerros e dos bebedouros é um fator fundamental, além da associação de práticas como manejo de pastagens e a nutrição adequada.
Outra dica é usar raças menos sensíveis às parasitoses e bem adaptadas ao ambiente.
Práticas fundamentais são: remover sempre as fezes das instalações, evitar o acúmulo de água nos piquetes e nas proximidades dos currais, impedir que os animais jovens tenham contato com o acúmulo de fezes dos animais adultos (pois os adultos são mais resistentes às infecções por parasitos, podendo ser portadores assintomáticos) e dividir o rebanho em lotes de animais jovens e adultos.
Para o controle das infestações por carrapatos, deve-se adotar práticas de manejo visando reduzir a infestação das pastagens, como: rodízio de pastagens com descanso de pelo menos 30 dias por piquete, uso de raças resistentes à carrapatos e evitar pastagens altas ou de folhas largas.
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