A água é fundamental para a suinocultura industrial, já que, sem ela, não há como produzir adequadamente. Por isso, os criadores precisam conhecer o volume de água gasto na sua produção – e avaliar se o consumo de água na propriedade está de acordo com os padrões estabelecidos.
Os usos mais comuns da água na suinocultura são referentes à dessedentação animal, mecanismo de resfriamento evaporativo e programa de limpeza e desinfecção das granjas. Esses usos são influenciados por inúmeros pontos, como: a idade dos animais, o estado sanitário, a fase fisiológica da produção, peso-vivo do suíno, as condições ambientais das instalações, as práticas de higiene e limpeza, os equipamentos utilizados etc.
Quer entender melhor o tema e fazer a gestão da água adequadamente? Siga conosco!
Cálculo do volume de água necessário em uma granja
A gestão da água tem início antes mesmo da implantação da granja. Pois será preciso fazer uma avaliação da disponibilidade de água em todas as épocas do ano, considerando, para isso o tamanho do plantel de suínos a ser implantado.
Algumas dicas importantes são:
· priorizar o uso de fontes superficiais. Se o projeto optar por poço tubular profundo, é preciso lembrar que esse poço só deve captar a água necessária e pelo tempo mínimo aceitável, garantindo, assim, a recarga de água no poço;
· para calcular a necessidade de água, considere: a fase fisiológica da produção, o efetivo de suínos, o período do ano, o consumo médio do rebanho e, como fator de segurança, acrescente 10% ao volume calculado.
Por exemplo, vamos supor que você tenha 1 mil suínos em terminação. Será preciso ter entre 8 a 10 litros por suíno por dia, ou de 9 a 10 m³ por dia (já incluindo a margem de segurança). Para a produção de leitões, a necessidade é de 35 a 38 litros por matriz por dia.
Dicas para reduzir o desperdício
Para reduzir o desperdício, algumas dicas simples são:
· instale bebedouros adequados à fase fisiológica da produção;
· controle a pressão e a vazão de água no sistema hidráulico e na saída dos bebedouros;
· faça a manutenção constante da rede e do sistema hidráulico;
· faça a limpeza a seco (raspagem diária) durante o ciclo de produção, com uma única lavagem úmida após a saída dos suínos;
· faça a limpeza úmida com equipamentos de alta pressão e baixa vazão;
· mantenha a temperatura da água entre 18ºC e 22ºC.
Outros usos da água em uma granja
Além da produção, a água também é usada em outros pontos essenciais da suinocultura industrial – e precisam ser considerados na hora de fazer o manejo deste item.
Controle da Ambiência
O método mais usado para reduzir as perdas produzidas pelo estresse provocado pelo calor é o resfriamento evaporativo, ou nebulização e pad cooling. A água, então, permite resfriar o ar ambiente, reduzindo a temperatura e promovendo o conforto dos suínos dentro das baias.
Os mecanismos mais comuns usados são o gotejamento, a nebulização por aspersão, os ventiladores mecânicos com aspersão de água e o pad cooling associado à ventilação mecânica com taxa mínima.
O uso da água nesses casos não interfere significativamente no consumo total de água da granja. Em geral, mesmo em períodos quentes, esses equipamentos não representam 5% do consumo total. O consumo somente será excessivo caso o produtor não faça a regulagem correta da vazão e da pressão, gerando desperdício s sobrecarga no sistema de tratamento.
Processos de limpeza e desinfecção
A limpeza pode ser dividida em dois tipos: limpeza seca e limpeza úmida. A desinfecção também pode ser: preventiva ou emergencial.
A limpeza seca é caracterizada pela retirada da cama (quando presente), restos de ração, dejeto seco e outros materiais que ficam no piso e nas paredes. Ela também deve ser feita no decorrer do ciclo de produção, de 1 a 3 vezes por dia.
A limpeza úmida é feita com equipamentos que usam um jato de água (quente ou frio) de alta pressão e baixa vazão. Algumas granjas também usam detergente nesse processo. Quando o detergente é usado de maneira correta, ele evita o desperdício de água. Se for usado pouco detergente ou de má qualidade, será preciso mais água para limpar o mesmo espaço.
A modernização da limpeza úmida, com equipamentos que associam alta pressão de água, possibilidade de uso de água quente e detergente, permite a remoção mais fácil da sujeira, ajudando a reduzir os custos, o tempo de lavagem, a mão-de-obra necessária e ainda acessar locais mais difíceis, com uma desinfecção posterior mais eficaz.
A desinfecção é um procedimento sempre realizado após a limpeza e visa controlar ou eliminar os microrganismos indesejáveis por meio de processos químicos e físicos. A qualidade da água é importante tanto para a limpeza como para a desinfecção. Se você usar água contaminada, diminuirá a eficácia do desinfetante.
Produção de dejetos
O melhor programa de gestão de dejetos começa no uso eficiente de água. E isso é fácil de entender, afinal basta transformar o custo da água desperdiçada em reais. Um bom manejo de dejetos, portanto, deve envolver todas as fases: produção, coleta, armazenamento, tratamento, distribuição e utilização.
O volume e a composição dos dejetos são influenciados pelo tipo de bebedouro, programa de limpeza e desinfecção, desvio das águas pluviais, comedouro e ração (tipo e composição).
Outros fatores importantes que devem ser considerados são: fase fisiológica do ciclo produtivo, características dos animais, condições ambientais e sistema de tratamento dos dejetos.
O uso eficiente da água passa, portanto, por instalação de bebedouros adequados, introdução de melhores práticas de manejo e aplicação de procedimentos adequados de limpeza e desinfecção. Todos esses pontos contribuem significativamente, também, para a redução do volume total de dejetos produzidos.
Reúso da água
O reúso é o reaproveitamento da lâmina de água recolhida pelo sistema de escoamento de dejetos e que passa pelo sistema de tratamento. O reúso, portanto, requer cuidados sanitários e o manejo de dejetos sem falhas para que a produção não seja colocada em risco.
Quando bem realizado, o reúso oferece vantagens como: a preservação das fontes superficiais de água e a redução do consumo de água potável (que custa mais) em usos menos nobres, como a limpeza das canaletas internas das edificações.
Recuperar uma fração da água que se transforma em dejeto significa, na prática, aperfeiçoar a gestão da água na propriedade – e ainda enfrentar com mais comodidade os períodos de escassez de água, além de demonstrar mais consciência ambiental.
A forma mais usual empregada na suinocultura industrial é o escoamento, ou arraste, de dejetos. Porém, alguns pontos devem ser considerados, como:
· a água não pode ser captada diretamente do sistema de tratamento de dejetos, é preciso construir um reservatório que receba o efluente líquido após o primeiro tratamento;
· a água desse reservatório será bombeada para as instalações, alimentando o sistema de “flushing”, evitando usar água potável no arraste dos dejetos;
· o efluente líquido para o reuso precisa ter uma baixa concentração de sólidos, por isso a captação deverá ocorrer em um reservatório separado do sistema de tratamento dos dejetos;
· a água de reúso não deve entrar em contato com os suínos.
Depois de todas essas dicas, ficou mais fácil fazer a gestão da água na sua suinocultura industrial? Continue aprendendo: descubra quais são as principais tendências em suinocultura!