O Brasil é um dos países com maior rebanho bovino do mundo. Segundo a Pesquisa da Pecuária Municipal (PPM), divulgada pelo IBGE e que inclui bovinos, suínos, aves e peixes, o país possui 214,7 milhões de cabeças de gado, sendo o segundo maior rebanho bovino do mundo.
Para aumentar os resultados, é importante conhecer muito bem a diferença entre pecuária intensiva e extensiva – e as vantagens e desvantagens que cada uma oferece. Siga a leitura e entenda melhor.
O que é pecuária intensiva?
A pecuária intensiva é a que envolve o sistema de confinamento, criando a maior quantidade possível de animais, na menor área. Essa é considerada a opção mais avançada de criação.
Os rebanhos são confinados usando processos modernos e tecnologia de ponta, por isso é importante dispor de mão de obra qualificada para a realização do monitoramento. O que se deseja com esse tipo de criação é aumentar a produtividade animal, aumentando a produção, a comercialização e o lucro.
O que é pecuária extensiva?
A pecuária extensiva consiste na criação de animais livres no pasto. Essa é uma das formas mais usadas na criação no Brasil. Para colocá-la em prática, é importante ter um grande espaço de pasto livre.
A principal vantagem é que a pecuária extensiva tem um custo menor do que a intensiva, afinal, o que se necessita é, basicamente, de grandes áreas de pasto, dos quais os animais conseguem retirar a maioria dos nutrientes necessários.
Na pecuária extensiva, depende-se basicamente do suprimento de nutrientes do pasto, restringindo-se a suplementação alimentar ao fornecimento de sal comum e/ou suplemento mineral. Na época de seca, a suplementação é feita apenas com suplemento aerado (de 20 a 30% de ureia na mistura mineral) ou proteinado de baixo consumo.
De acordo com dados da UFMG, a produtividade anual da pecuária extensiva é abaixo de 120 kg de peso vivo (menor que 4 arrobas por hectare/ano). As taxas de desmame são menores que 60%, com idade do abate dos machos e idade ao primeiro parto da matriz maiores que os 42 meses de idade.
Qual a diferença entre pecuária intensiva e extensiva?
Enquanto a pecuária intensiva é aquela feita por confinamento, a pecuária extensiva envolve a criação de rebanhos em grandes áreas, com os animais sendo deixados soltos para pastar.
Hoje, a pecuária extensiva é a mais usada no país, especialmente para o gado de corte, já que esse rebanho tem como característica a necessidade de mais liberdade e espaço.
As diferenças entre as pecuárias também está relacionada à nutrição. No confinamento ou semiconfinamento, as estratégias nutricionais são mais avançadas e voltadas para impulsionar a produtividade do rebanho. Assim como também se usa métodos mais avançados de preparo do solo e cultivo de forrageiras, com a exploração desse recurso por um tempo maior.
Já na pecuária extensiva, a dieta é, principalmente, pasto e suplemento mineral. Nas épocas de seca, em que há maior escassez de forrageiras, é usado um suplemento mineral com um proteinado ou com ureia.
Pecuária Semiextensiva
Além dessas, ainda existe a pecuária semiextensiva que, na prática, consiste em uma mescla do sistema extensivo com técnicas da pecuária intensiva. O gado é criado solto, mas recebe um tratamento especial em relação à nutrição e ao melhoramento genético.
Comparado a pecuária extensiva tradicional, o método apresenta um cuidado maior com as pastagens e com o manejo do gado, garantindo que ele tenha acesso a um pasto de melhor qualidade nutricional durante o ano todo. A suplementação também envolve produtos que aumentam o desempenho animal.
Quais as vantagens e desvantagens de cada tipo de pecuária?
Para escolher entre a pecuária intensiva ou extensiva, é importante entender as vantagens e desvantagens que cada uma apresenta. Vamos ver em detalhes.
Pecuária Intensiva
Entre as vantagens da pecuária intensiva estão:
elevados índices de produtividade, em função das estratégias alimentares adotadas;
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controle completo do rebanho, já que ele está confinado em uma pequena área e fica mais fácil controlar o animal e a sua nutrição, gerenciando melhor a saúde, o desenvolvimento e a produtividade;
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seleção mais apurada do animal, devido às tecnologias usadas, permitindo o pecuarista separar os animais mais produtivos dos menos produtivos e também investir em melhoramento genético;
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alimentação controlada e focada nos interesses do pecuarista. No caso do gado de leite, com a alimentação certa é possível aumentar a produção de leite, e no gado de corte, reduzir o tempo necessário para que o animal alcance o peso ideal antes do abate.
Porém, a principal desvantagem é o investimento mais alto, já que há maior tecnologia. Além disso, os custos também são mais altos porque é preciso contratar mão de obra especializada, infraestrutura e suplementação animal.
Pecuária extensiva
As principais vantagens da pecuária extensiva é:
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investimento menor, pois a criação dos animais é feita em grandes pastos, nos quais os animais encontram a maior parte dos nutrientes que precisam para se desenvolver (embora a suplementação também seja indicada, pois a área usada para o rebanho pode ser pobre em minerais necessários à nutrição dos animais);
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é ideal para o gado de corte, já que esse tipo de rebanho precisa de liberdade e espaço.
Contudo, entre os pontos negativos, estão:
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maior dificuldade de monitoramento e controle de desenvolvimento dos animais, pois o gado fica mais espalhado, o que pode reduzir a eficiência do controle da produtividade e da lucratividade;
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necessidade de terrenos amplos, já que a ocupação do ambiente pelo rebanho pode levar a problemas ambientais devido à degradação constante dos pastos;
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déficit alimentar, pois alguns pastos podem ter deficiência de minerais e nutrientes necessários para o desenvolvimento do rebanho. Nesse caso, é indicado usar uma suplementação para a criação de animais saudáveis (o que pode acabar encarecendo a produção).
Como deixar a pecuária extensiva mais produtiva?
Embora a pecuária extensiva seja o método mais usado no Brasil, nem sempre é o método mais produtivo. Separamos algumas dicas importantes que podem ajudar.
Manejo correto das pastagens e nutrição
O manejo correto das pastagens é um dos pilares da pecuária extensiva produtiva. O Brasil é o país que possui maior área de pastagem do planeta e a maioria da produção de carne no nosso país é feita sob pastagem.
Por todos esses pontos, o manejo correto das pastagens é essencial, evitando a proporção alta de pastagens degradadas. O principal erro envolve o plantio de espécies de capim incorretas, que não se adaptam ao solo e nem ao clima do local. Com isso, acaba-se perdendo a fertilidade do solo, o vigor das plantas e há o decréscimo do valor nutritivo das pastagens, o que leva a menor produtividade animal.
O princípio básico do manejo adequado envolve o equilíbrio entre a taxa de lotação e a oferta de forragem (quantidade e qualidade). Com o manejo estratégico das pastagens, é possível manter a sustentabilidade do sistema de produção e aumentar sua produtividade.
Outras práticas indicadas são: uso de mais fertilizantes, rotação de animais, irrigação das pastagens e implantação de forrageiras anuais de inverno e verão.
No período de seca, a pouca disponibilidade de volumoso e a menor qualidade reduz os níveis nutricionais dos pastos e também a digestibilidade. Por isso, nessas épocas,é fundamental realizar a suplementação proteica, evitando que o animal perca massa.
A suplementação proteica visa corrigir as dietas desbalanceadas, melhorando o ganho de peso vivo, a conversão alimentar e reduzir os ciclos produtivos da pecuária de corte.
Outros fatores que influenciam são: suplementação mineral, área do cocho, localização dos cochos e frequência e horários de fornecimento.
Alguns princípios interessantes são:
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rações ou suplementos proteinados para os bezerros em cocho privativo (creep-feeding);
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suplementos proteinados de médio e alto consumo nas diferentes épocas do ano;
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rações concentradas a pasto;
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suplementação de inverno ou verão com forrageiras ou rações concentradas.
Com essas práticas, é possível chegar a uma produtividade anual maior que 180 kg de peso vivo (maior que 6 arrobas por hectare/ano), taxas de desmame maiores que 75%, com idade de abate dos machos e a idade ao primeiro parto da matriz variando entre 24 a 36 meses de idade, de acordo com os dados da UFMG.
Manejo reprodutivo e melhoramento genético
O manejo reprodutivo envolve todas as características ligadas à reprodução das fêmeas desde o desmame até o último parto e é muito importante para elevar os ganhos produtivos da fazenda.
O objetivo é fazer com que os animais do rebanho tenham mais características positivas. Isso pode ser feito com a escolha dos reprodutores, para que, ao longo do tempo, os animais do rebanho tenham como herança as características positivas desejadas em detrimento às negativas.
A inseminação artificial também pode ser usada, multiplicando os animais geneticamente melhorados e acelerando a transição de genes considerados superiores.
Um modelo interessante é a inseminação artificial de tempo fixo (IATF) que permite que as prenhezes aconteçam no início da estação de monta, reduzindo o tempo de serviço e aumentando a eficiência reprodutiva do rebanho.
Com o protocolo, as fêmeas conseguem emprenhar e produzir bezerros mais cedo, o que impacta diretamente no resultado financeiro. Além disso, é possível reduzir o intervalo entre os partos, produzir 1 bezerro por vaca a cada ano, acompanhar melhor as matrizes, padronizar os lotes de bezerros e racionalizar a mão-de-obra.
Gestão intensificada
A profissionalização da gestão é ainda mais importante na pecuária extensiva. É essencial que haja um aumento dos pontos de controle e análises rígidas para avaliar melhor o processo produtivo.
Quando avaliamos os sistemas extensivos, vemos que os custos fixos (terra, rebanho e despesas gerais) por unidade produzida aumentam. Porém, os custos variáveis diminuem, pois muitos dos insumos de produção podem ser retirados das pastagens e alguns controles sanitários podem ser descartados.
Além disso, a pecuária extensiva permite um maior tempo de produção por animal, o que reduz o giro e atribui a margem por animal, fator preponderante para o retorno financeiro.
Porém, esses dados apenas são válidos para animais que conseguem extrair do pasto sua subsistência, como os bovinos. No caso de pecuária extensiva de aves e suínos, a gestão é muito importante para a precificação correta do produto final, assegurando a sustentabilidade financeira do negócio.
Como você pode notar, escolher entre a pecuária intensiva ou extensiva dependerá muito dos seus objetivos, das características da sua propriedade e também do seu rebanho, definindo a melhor técnica que se adeque aos seus objetivos e realidade.
Atualmente, existem diferentes tecnologias e possibilidades para melhorar a produtividade na pecuária extensiva, caso essa seja a sua escolha.
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