A nutrição animal é um dos pontos mais importantes para quem tem produção animal, como gado de corte ou vaca leiteira. Afinal, a maximização dos lucros está totalmente relacionada ao conceito, já que os custos com a alimentação dos animais tem um peso significativo nos valores total da produção.
Para que esse planejamento seja realmente efetivo, é essencial conhecer muito bem as demandas dos seus animais e os principais conceitos ligados à nutrição animal. Siga lendo este artigo e entenda melhor!
Os alimentos usados na nutrição animal
São inúmeros os alimentos usados na nutrição animal. Eles podem ser classificados como:
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volumosos: alimentos de baixo teor energético e alto teor de fibra ou água e podem ser divididos em secos ou úmidos. São os de mais baixo custo na propriedade. Para bovinos, os mais usados são as pastagens naturais ou artificiais, capineiras, silagens etc.
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concentrados: são os que apresentam alto teor de energia e baixa fibra. São divididos em energéticos (concentrados com menos de 20% de proteína bruta, 25% de fibra em detergente neutro e em torno de 18% de fibra bruta) e proteicos (concentrados com mais de 20% de proteína bruta, 50% de fibra em detergente neutro e 60% de NDT);
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minerais: os mais usados são fosfato bicálcico, calcário, sal comum, sulfato de cobre, sulfato de zinco, óxido de magnésio, entre outros;
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vitaminas: lipossolúveis e hidrossolúveis;
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aditivos: substâncias como antibióticos, hormônios, probióticos, antioxidantes, corantes etc.
Vamos ver em detalhes alguns dos alimentos mais usados na nutrição animal.
Aveia
Não é um bom alimento para engorda, porém, a aveia é muito usada para cavalos, devido a sua qualidade nutricional superior. Para aves, seu uso é limitado ao teor de fibra, não sendo indicado usar mais que 15% nas rações.
Tem destaque em relação aos outros cereais devido ao seu teor e qualidade proteica e também pela maior porcentagem de lipídios, com predominância de ácidos graxos insaturados. Também possui maior valor proteico que os demais cereais.
Milho
É um dos cereais mais usados na nutrição animal. Ele é rico em energia e pobre em proteína. É rico em pró-vitamina A (betocaroteno) e pigmentantes, apresentando baixos teores de triptofano, cálcio, riboflavina, niacina e vitamina D. É um concentrado energético padrão.
O milho em grãos pode ser fornecido aos bovinos em até 70% da ração, aumentando a textura e a moagem com o aumento do teor na ração. Para suínos e aves a quantidade pode chegar a 80% da ração, com moagem mais fina. Já para cavalos e ovinos, pode-se usar o grão inteiro.
Alguns subprodutos do milho são:
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palhada de milho: excelente para confecção de silagem e pode ser usado como fonte de fibra na dieta de ruminantes;
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milho desintegrado palha e sabugo: obtido pela moagem das espigas inteiras , sendo fonte energética dos ruminantes. Possui menor valor nutritivo do que o milho em grão e é rico em fibra. É o alimento mais usado para bovino de corte e vacas de baixa produção. Indicado para animais em crescimento ou vacas secas.
Sorgo
Pode ser fornecido aos animais na forma de forragem, silagem e grãos. Apresenta composição semelhante à do milho, com baixo teor de energia e maior de proteína. É recomendado para vacas leiteiras e suínos, substituindo até 100% do milho, devendo ser fornecida de forma triturada. Para as aves, a recomendação é substituir até 50% do milho da ração e adicionar pigmentante para coloração da gema de ovo e da carcaça.
Mandioca
Pode ser oferecida como planta inteira ou só a raiz picada e seca na forma de raspas, além de farelo e farinhas. Como é pobre em proteína, exige complementação. Pode ser usada como concentrado energético. Todas as plantas apresentam princípio tóxico – os efeitos podem ser evitados pela desidratação da mandioca (é só picá-la e deixá-la espalhada ao ar livre por 24-72 horas).
Arroz
Apresenta menor valor nutritivo e variável devido à quantidade de casca, podendo ser fornecida moída pela sua dureza. Na alimentação animal, recomenda-se o uso do arroz integral desclassificado ou a quirera de arroz, sendo este de baixa qualidade para frangos de corte, podendo ser usado para poedeiras, suínos, caninos e bovinos.
Trigo
É usado como fonte principal de energia nas dietas de aves em diversos países. No Brasil, não era muito usado devido ao preço elevado em comparação com outros ingredientes alternativos. Contudo, devido ao alto preço do milho na entressafra, o trigo começou a ser usado como uma alternativa.
Possui boa qualidade nutricional e grande potencial no uso de dietas para monogástricos e ruminantes. Apresenta teor de proteína mais alto que o milho e teor de energia menor.
O farelo de trigo é recomendado para suínos nas fases pré-inicial e inicial em até 5% da ração e nas fases de terminação e reprodução em até 30%. Para aves, a recomendação é usar em até 5% da ração para frangos e 15% para poedeiras. Para ruminantes, uso sem restrições, desde que não ultrapasse de 5% de extrato etéreo na ração.
Casca de soja
Pode chegar a até 80% do valor energético do milho, além de ter um valor de fibra maior. Por isso, pode substituir volumosos de alta qualidade, sem interferir nas concentrações de acetato ruminal e teor de gordura do leite. Como tem alta palatibilidade e boas características nutritivas, pode ser usada em dietas de vacas em lactação e bovinos de corte.
Em suínos, a casca de soja também pode ser usada, em pequenas taxas na reprodução e terminação. Em bovinos, é recomendada até 20% da MS total da ração, desde que o teor final de lipídios não ultrapasse 5%.
Melaço
Algumas empresas comercializam o melaço em pó para uso como palatabilizante na ração de bezerros e como aglomerante na produção da ração peletizada. Só é viável seu uso, entretanto, quando o preço é menor ou igual a 65% do valor do milho.
Para os bovinos, o máximo recomendável é de 15% da matéria seca da ração. Geralmente é empregado em 10% do concentrado e em 7% na ração dos bezerros. Para os suínos, o melaço pode ser usado em até 20% da ração, e das aves, em torno de 2 a 5% da ração.
A importância da alimentação balanceada
A alimentação balanceada é fundamental para melhorar a sua produção. Com a evolução das tecnologias ligadas ao melhoramento genético e ao manejo, a simples oferta de forragem não é capaz de atender as necessidades por completo dos animais de produção.
Por isso, as rações devem conter quantidades significativas de minerais, proteínas, vitaminas e outros nutrientes – considerando a categoria do animal, a raça, o tamanho, a capacidade produtiva e reprodutiva, o nível de produção, o estágio de crescimento e o ambiente.
Uma ração é considerada balanceada quando todos os nutrientes necessários estão presentes no alimento ingerido no período de 24 horas, de forma equilibrada e constante.
Além da ração, você pode incluir outros alimentos usados na nutrição animal, mas é importante sempre respeitar as concentrações máximas, evitando prejuízos à saúde dos seus animais.
Fora as recomendações que já citamos, ao escolher os alimentos para complementar a ração, avalie o preço, a disponibilidade comercial na sua região, a aceitação e necessidade de adaptação dos animais e as características físicas de cada alimento.
E, então, gostou de conhecer os principais alimentos usados na nutrição animal? Descubra as vantagens de prezar pela formulação correta da ração e veja dicas para melhorar sua produção!